terça-feira, 15 de março de 2011

Das catástrofes da vida (naturais ou não)


Fukushima , Japão. 11/03/2011. Foto: Kyodo News/AP
http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/terremoto-no-japao/

Diante de uma catástrofe, sempre nos sentimos impotentes, porque é algo que não podemos evitar; tão surpreendente quanto arrasador. As imagens que chocaram o mundo nesses últimos dias são assim. Embora não possamos nos acostumar com isso, é cada vez mais comum  ver  casas sendo arrastadas e pessoas sendo dizimadas, em SP, no Rio, no Chile, no Haiti e em tantas outras partes do mundo.

Agora, no Japão, logo no Japão, terceiro país mais rico do mundo e supostamente o mais preparado para desastres naturais? Foi mesmo de amargar ver os japas sem água, comida, passando pelos perrengues do terceiromundismo. Levei um choque de realidade.  Deve ser  porque eu não estava aqui na época de Hiroshima e Nagasaki.

Quando abatidos por uma tragédia em nossas vidas, geralmente temos a quem culpar: por exemplo, a perda de parentes para a violência urbana. A catástrofe não é a morte em si -  já que, por ironia ou não, esta faz parte da vida -  mas a forma como acontece, da maneira mais banal possível. Pode ser na saída de um bar, onde se busca diversão, ou de um banco, onde se cumpre uma obrigação de rotina. Nesses casos, culpamos o bandido, as drogas, a sociedade, enfim. Os mais religiosos ainda confortam-se culpando a Deus: "Foi a vontade Dele" - dizem, esperando que a justiça seja feita e que o tempo cure a ferida.

Mas a quem podemos culpar pelos desastres naturais? A Deus ou ao homem? Se foi Deus quem criou o universo, iria querer destruí-lo? E nós, estamos cuidando dele o suficiente? Será que teríamos poder para evitar isso, mesmo cada um fazendo a sua parte? Essas são perguntas sem resposta. A única coisa que é possível saber pelos acontecimentos no Japão é que nem toda a sabedoria do homem é capaz de conter uma força maior, que alguns chamam de divina, que nada tem a ver com nossos atos. Outros afirmam que são as desfeitas do homem que estão causando tantos danos, conforme já citei aqui num poema.  Na verdade, pouco importa de onde essa força venha, mas o estrago que ela causa.  A catástrofe às vezes é um mal necessário para despertarmos para a vida. Vamos rezar pela pronta recuperação do Japão e de seu povo tão sábio.



terça-feira, 1 de março de 2011

Para os próximos 27 anos


O fim de fevereiro quase passou despercebido. Se não tivesse olhado o calendário antes de postar... desculpem se perdi o timing, mas para mim, fevereiro demora a acabar - apesar de ser o mês mais curto do ano. É o mês do aniversário, o fechamento do ciclo.
Agora são, portanto, 27 primaveras somando e subtraindo amigos, amores, muitos questionamentos, tristezas e dezenas, centenas, milhares de desejos. Fiquei o mês inteiro pensando no quê poderia postar. Tinha de ser especial. Uma retrospectiva? Não tenho memória para isso. Uma figura? Impossível sintetizar tantos sentimentos numa imagem. Uma música? Hum... difícil escolher. Um pedido, claro! Dia de aniversário é dia de pedir mesmo; por você e pelas pessoas que você ama, e vamos combinar: a gente nunca consegue escolher um só pedido na hora de apagar as velas. Todo ano é o mesmo dilema. Então resolvi não pedir nada diante das velinhas e cortei o  bolo de cima para baixo, contrariando todas as mães  que dizem que os desejos só se realizam se a primeira fatia do bolo for cortada ao contrário. E fica aqui registrado o que eu quero  - não  é segredo porque não é só para mim - nos próximos 27 anos ou minutos ou segundos...o quanto antes Ele puder, melhor.

PS: Sinta-se à vontade para acrescentar o seu pedido, quem sabe Ele não dá uma olhadinha aqui de vez em quando ?

Querido Deus,
Sei que não devemos querer muito.
E nem pedir demais para não sobrecarregá-lo.
Mas é que já se passaram 27 anos desde que cheguei aqui.
Eu pouco vivi
Mas tanta coisa eu vi.
De se orgulhar e de se envergonhar.
Por isso, faço essa humilde prece.
Seria demais pedir um mundo melhor para os próximos 27?
Um em que a gente possa viver sem medo e sem segredo?
Onde andar pelas ruas não seja um desassossego?
Onde não seja sonho pensar
Que viver é um direito e não um mero golpe de sorte
Que jamais poderá ser interrompido
Violentamente,
Sorrateiramente, pela morte?
Seria possível que não sofrêssemos mais por coisas tão pequenas?
E que, diante do espelho, pudéssemos refletir apenas rostos tranquilos
Ao invés de agasalhar monstros aflitos?
Seria justo pedir que todos tivessem o suficiente para comer e ter boa educação?
Para que não dependêssemos tanto da compaixão
Dos homens que dela carecem.
Por fim,  se o Senhor achar que é muito,
Posso resumir em apenas um pedido essa oração. 

Nos dê a paz que perdemos
Sem nunca ter encontrado.
Pois ela é o único caminho
Que nos levará ao começo e ao fim .
De uma revolução
Não da revolução de mentira
Aquela em que se mata e morre
Que só causa medo e desilusão.
A verdadeira revolução
É aquela que está dentro de nós.
Que nos abraça e vibra.
E faz soltar a voz.