sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Desejos de Natal... e de todo dia


Então é natal. E não são só as ruas que se enchem de luz. As pessoas também. Brilham os olhos, os sorrisos, a esperança. É um renascimento, um recomeço. Famílias separadas se unem, pessoas desconhecidas se cumprimentam. O agito típico das grandes cidades já não parece um transtorno, afinal, é por uma boa causa. Crianças valem-se do seu direito, viajam na fantasia e divertem-se como nunca. E os adultos permitem-se resgatar a criança dentro de si.

Essa é a tal “magia” do natal que transborda em todos nós, mesmo em quem não é cristão. Quem é que nunca sorriu ao ver a figura do Papai Noel? Ou não se arrepiou ao ouvir um coro de natal? Que ser humano digno de ser “humano” não se sensibiliza ao ler a cartinha de uma criança cujos pais, sem condições de lhe dar um presente, apelam para alguém que faça as vezes do bom velhinho e lhes proporcione um pouco de alegria nessa data? Isso é o que eu chamo de acreditar em papai noel e, mais do que isso, acreditar em seus sonhos.
Por isso, meu desejo de natal é que essa chama permaneça acesa durante todos os dias do ano, que a gente nunca se esqueça do brilho nos olhos, do sorriso, e que nunca deixe de lado a esperança. E isso, meus amigos, só é possível quando estamos junto das pessoas que amamos  e vemos os outros como irmãos, deixando aflorar a criança que há dentro de nós.
Piegas demais? Pode ser. Mas não custa nada deixar o sapatinho na janela. Vai que aparece alguma coisa lá, né?

Feliz Natal e um ano novo cheio de novos desejos realizados!


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ponte dos sonhos




















Poemas publicados na coletânea Ponte dos Sonhos 1 (set/2010) org: Izabelle Valladares.

Menina-Mulher

A menina
Maria-chiquinhas já não usa mais.
Prefere os cabelos soltos,
A cobrirem
Sua fina cintura.

Trocou os largos uniformes do colégio
Pelo jeans apertado
E o decote escancarado.
Mas que sacrilégio!

Já não lhe servem mais
Os pares de tênis surrados
Só os sapatos de bico fino
E grandes saltos.
Que ecoam por toda a casa
Quando tocam
O assoalho do seu quarto.

Os delicados brincos de menina
Dão lugar a pesadas argolas.
Que embalam seu andar
Como pêndulos a tilintar.

A menina,
Já não sai mais de cara lavada
Agora, se pinta e se enfeita com graça.
As maças da face marcadas,
Os olhos delineados,
Os lábios cheios de carmim.

Despertando olhares vorazes,
Desejos inconfessáveis
Nos rapazes
Que mal saíram das fraldas
Ou nos maduros peraltas.

Para tristeza e fúria eterna
De suas senhoras
Que proclamam-se cheias de virtudes.

A menina,
Finalmente virou mulher.
Como flor que brota,
E desabrocha

No alvorecer.



Socorro ao planeta


Ouvi dizer que o fim do mundo está próximo
Quem foi que disse?
Foi a TV.
Mas é bobagem.
Quem é que não vê?
Tudo é uma miragem.

As enchentes,
Revolta da natureza
Contra os cidadãos inconscientes
Que nos enchem de desesperança,

E nos jornais
A infinita desgraça
De um mundo sangrento.
Vidas se despedaçam
A todo o momento.

O planeta pedindo paz... e água.
E o homem, que já lhe causa tanta mágoa
Não pode mais reverter tantos danos
Causados por seus enganos.

Quem dera fosse mentira
Quem dera fosse ilusão
Mas não está só nos filmes de ficção

Está nos fatos
E nos atos
De cada um de nós.

A miragem
É o que não queremos ver
É o que vai nos destruir.
E o fim do mundo há de chegar
Se não começarmos a agir.












domingo, 12 de dezembro de 2010

Clarice


Está na cara de quem já visitou este blog que sou fã de Clarice Lispector.  Se ela estivesse viva, teria completado 90 anos no último dia 10. Então, posto aqui mais uma singela homenagem,  um dos meus poemas prediletos, porque mostra que o intenso trabalho com a palavra pode produzir mais do que textos belos; trazem coisas surpreendentes. Como diria o instrutor da oficina de criação literária que terminei recentemente, escrever não é questão de inspiração, e sim de muita TRANSPIRAÇÃO. É fato. Tanto que estou pensando em mudar o nome do blog para Transpirações e Suspiros, o que acham?

Muita gente já deve ter lido e sabe do que estou falando, mas nunca é demais. A regra é ler o poema duas vezes, de baixo para cima e de cima para baixo:

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...


Leia aqui a biografia da autora.