sábado, 5 de fevereiro de 2011

O BBB e seus bichos escrotos

Antes de qualquer coisa, quero dizer que não sou imune ao BBB. Isso quer dizer que, não raro, dou uma espiadinha e às vezes até voto para tirar um ou outro mais inconveniente do jogo e participar do sorteio do carro. Não adianta negar, todos nós temos um lado voyeur que insiste em observar a vida alheia, nem que seja só para criticar e dizer que é contra. Quando nos oferecem algo em troca, então, a tentação é quase irresistível.
Dito isso, posso expressar meus sentimentos aos ratos de laboratório  - ou seria melhor chamá-los de micos de circo? - remanescentes que estão lá na Casa de Vidro, ambiente agradabilíssimo, por sinal. Um aquário instalado dentro de um shopping center.
Realmente não poderia haver local mais adequado para o que se pretende ali.
Num centro de diversão e lazer, por onde passam milhares de pessoas todos os dias, aquelas pobres criaturas são a atração principal. Comprar pra quê? Ir ao parque, ao cinema? Nem pensar!  Basta passar pelo corredor e observar...  isso, sem gastar um centavo. Só não vale esquecer a máquina fotográfica. Quem sabe levar um cartazinho só pra fazer um efeito e sair bem na fita. E mais do que tudo, gritar, gritar muuuito pelos ídolos (?) que até um mês atrás ninguém sabia que existiam  e até agora não sabemos nem quem são.
Do lado de dentro, num calor de 40ºC, imagino, as cobaias fazem de conta que está tudo divino, maravilhoso. Sorriem, mandam beijos, plantam bananeira, cantam e tiram a roupa.  Exibem-se como se estivessem mesmo numa vitrine de pet shop. Disputam as atenções dizendo: “Eu sou o mais bonito, o mais engraçado, o mais esperto. Me levam para a casa”. O bichinho mais “talentoso” há de conquistar o prêmio tão desejado, que é... adivinhem: novamente o confinamento.
De fato, nada muda. No cubículo de vidro ou na mansão mais vigiados do Brasil, todos são cobaias que se sujeitam às situações mais absurdas para, quem sabe, alcançar o pote de ouro no final do arco-íris. Estão sendo testados para descobrir até onde o ser humano é capaz de chegar por um quinhão de dinheiro – quantia considerável, é verdade - além de uma notoriedade instantânea e descartável. Já nós, telespectadores inocentes, também somos parte da experiência, para saber até onde vai a nossa tolerância com o ridículo. E essa, pelo jeito,vai looonge.