O voo da borboleta
Foi num sonho, eu encontrei
Uma bela borboleta
Que não queria voar.
E então lhe perguntei:
- Borboleta, porque não voas?
Ainda tens medo
De bater as asas?
E ela respondeu:
- O casulo, meu refúgio,
Esconderijo seguro
Rompeu-se sem nem aviso.
Ah, pequena borboleta,
E porque não te libertas,
Lançando aos céus
Tuas cores e alegrias?
Como podes abdicar do direito
De pousar nas flores,
Nas folhas das árvores,
Bailando, serena,
Enfeitando os ares?
Disse-me, então, a pobre borboleta
Que não queria libertar-se.
De tão pequena que era
Tinha medo de voar
E perigos enfrentar.
Fez careta
Protestou.
Até chorou.
Mas de nada adiantou,
O casulo a expulsou.
Fechando-se para sempre.
Como manda a realeza,
Mãe-natureza.
Assim, ela compreendeu
Que voar não era opção
E sim determinação.
Abrindo as asas ao sabor do vento.
Diante do infinito azul
Que a esperava no horizonte.
À despeito do medo,
Que ficava sempre à espreita.
Mas e esse, onde está? – indaguei à borboleta
- Não vejo mais sua sombra.
Garantiu-me, antes de seguir viagem.
Finalmente, conhecia a coragem.
Quando do sonho acordei
Percebi,
Numa miragem,
Que não somos nada além
De borboletas
Com asas ocultas,
Prontas para voar.
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